Amor que placar nenhum destrói, que o tempo não desgasta e que o Alzheimer não apaga, esse é o sentimento de dona Maria de Lurdes, de 95 anos, pelo Flamengo. A devoção pelo time é manifesto nos detalhes da casa e nas unhas da idosa, que já virou referência para a torcida rubro-negra de Rondônia. Apaixonada pelo time, a torcedora diz que independente da derrota para o Cruzeiro na final da Copa do Brasil, não importa quem ganha e nem o placar do jogo, “o Mengo sempre será o melhor do Brasil”.
Todo esse amor pelo clube surgiu na década de 80 e tem um “culpado”, o “menino Bebeto”. Após assistir a um jogo, no qual o craque vestia o rubro-negro, a torcedora diz ter se encantado com o clube. Ao lembrar dessa época, os olhos de dona Lurdes ficam mais brilhantes.
- Tem muito tempo, fico até arrepiada. Esse amor é antigo e foi o menino Bebeto que fez despertar em mim toda essa paixão pelo meu Flamengo. Fico emocionada quando lembro do primeiro jogo que assisti e o tempo só me faz querer saber de tudo que eles [jogadores] fazem.
Almofadas, toalhas, quadros, porta-chaves, copos, escova de dente, pote de remédio e bonecos com nomes escolhidos pela idosa fazem parte de todo aparato de devoção de dona Lurdes pelo time. A filha Dulce Ferreira denuncia “não pode ver nada que já quer comprar”. Lurdes diz que o vermelho e o preto combinam com tudo.
- Se vamos ao mercado, é incrível, parece que o olhar é clínico, vai em cima de tudo do flamengo. Da última vez que fomos na rua ela comprou a escova de dente, tinha gostado de uma caneca também, mas com muito custo consegui convencê-la que de outra vez, traríamos para casa. É um amor que não acaba e nem fica pouco – brinca.
Com os companheiros de poltrona, os bonecos Tadeu Schmidt (o cavalinho) e Ronaldinho Gaúcho (o urubú), Lurdes diz que o futebol faz muito bem para sua saúde e sabe quando um jogador deixa a desejar nas partidas.
- Esse boneco que é meu mascote, dei o nome de Ronaldinho Gaúcho porque ele vive rindo. Uma vez estava tendo jogo e o Ronaldinho da TV não estava fazendo nenhum gol, peguei um pano, amarrei a boca do meu boneco e deixei de castigo. Não faz gol, não tem motivo para sorrisos, ele ficou assim por muito tempo.
Dulce diz que a torcedora não perde um jogo, nas quartas-feiras e aos domingos são os dias que na TV de casa só passa futebol, e quando não é o Flamengo que está jogando, dona Lurdes assiste os outros jogos para avaliar os adversários do clube do coração.
- Nem adianta tentar assistir outra coisa, quarta-feira e domingo é sagrado, começa o jogo e nem em frente a televisão podemos passar. Somos em 11 filhos, apenas quatro aqui no estado, e quando alguém liga em insiste em falar com ela durante uma partida a resposta é direta, NÃO! - enfatiza a filha.
Certa vez, uma das filhas de Lurdes, que mora em Manaus, AM, resolveu ligar bem na hora do jogo. Quem atendeu foi a Dulce, que tentou convencer a mãe de atender a ligação da irmã, mas não teve jeito.
- Quando a Dulce atendeu, eu já disse que estava assistindo ao jogo, mas, mesmo assim ela insistiu e com o telefone no viva voz eu disse: "que coisa chata, isso não é hora e não vou atender, estou vendo o jogo". Amo meus filhos, mas na hora do jogo não atendo ninguém.
Para a partida entre Cruzeiro e Flamengo a idosa se juntou a um grupo de torcedores de Porto Velho em um clube que leva o nome do time, e mesmo querendo a vitória, Lurdes é enfática.
- O Flamengo domina o Brasil, ele é campeão, campeão e campeão. Não importa qual é o resultado do jogo ele sempre será o melhor. O Mengo domina o Brasil, o Mengo é o melhor do Brasil, o Mengo é o melhor do mundo, é o meu melhor.
A torcedora que tem família grande diz que tem filhos que partilham do mesmo amor, e não esquece dos netos que também fazem parte da torcida. São 11 filhos, 20 netos, 15 bisnetos e 1 tataraneto. E quem não tem time declarado tem que ajudar o Flamengo em dia de jogo.
Veja a entrevista em videos : http://globoesporte.globo.com/ro/videos/t/ultimos/v/flamenguista-de-95-anos-mostra-colecao-de-objetos-do-clube-e-declara-seu-amor-pelo-time/6180493/
- Quando digo que não tenho time ela se aborrece e me diz que pessoa sem time não é feliz e ainda completa que só o Flamengo é bom, afinal, como ela sempre diz, o melhor do Brasil merece nossa torcida – declara Dulce.
Dos filhos de dona Lurdes, alguns compartilham o coração rubro-negro e para ela é motivo de orgulho, pois o amor compartilhado fica ainda mais forte.
- Fico muito feliz quando meus filhos torcem pelo meu Flamengo. Se juntamos nossa torcida eles ficam mais fortes e para mim é festa. É bonito vê-los em campo, eu gosto muito e fico até emocionada.
Contato: Jornalista Alexandre Jabá - DRT 1357 Telefone/Whatsapp: (69) 98487-3042 ou pelo e-mail: [email protected]
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